quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Previsões Imagináveis 2

O dia em que Murphy sair de férias eu ganho na Mega-Sena.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Verdade Inexorável

"Quem nasceu pra tatu, vai morrer cavando"

[filósofo de botequim]

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Manaus está andando muito melhor.

Como pode-se ver estamos indo bem. O problema no trânsito não foi de todo resolvido, mas percebe-se uma sensível melhoria no fluxo dos carros, principalmente nos horários de pico [maior drama enfrentado]. Pelas fotos há uma nítida sensação de que houve um planejamento ostensivo, visando dar maior vazão ao grande fluxo de veículos na cidade. É o progresso!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

SOBRE TODAS AS COISAS



3ª parte [vôo]


"Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado,
desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus"[*]
Dali, do alto do edifício, tudo parecia dele. O mundo pequeno aos seus pés. Viu que podia ter e querer o que sonhasse. As mulheres, os homens, as comidas e bebidas, carros, a vida perfeita, o amor perfeito, o beijo que não rolou. Tudo. O vento daquela noite soprava forte, frio e como uma lâmina afiada trespassava seu corpo débil. Ele abria os braços e girava, girava, na ponta do aranha-céu. Até pensou que podia ser Deus. Lá embaixo a multidão disforme não imaginava quais seus planos. "Eles que se fodam" dizia entre dentes, repetindo numa cadência absurda. "Sim! Eles que se fodam!"Os edifícios com suas luzes e pessoas, os televisores ligados, os sonhos desligados. A hora do jantar, a hora de transar, a hora de rezar, a hora de dizer adeus. Tudo podia ser visto, tudo podia ser feito. Ao longe a lua pálida, iluminava até onde seus olhos alcançavam. A cidade estava nua, transparente. O resto da aguardente entrou rasgando. Tudo era tão longe, ele não podia mais voltar "Você me enganou!", olhando pro céu gris. "Por que você me enganou?"
[...]
O lugar mais alto que tinha chegado foi quando subiu no telhado de sua casa para olhar a vista do vilarejo. De lá de cima, ele podia ver tudo. A roda gigante do parquinho, a lanchonete, a prefeitura, o campo de futebol. Tudo bem organizado. Podia sentir naquele momento o cheiro prazeroso do bolo de fubá que sua mãe preparava todas as sextas-feiras. E o café e a manteiga, o leite. Tudo irreal e tão real. E ele ficava ali até o sol se pôr, balançando os pés, podia escolher não comer se quisesse, "Na outra sexta tem de novo" pensava feliz.
[...]
Então pisou sem firmeza no beiral escorregadio, como numa corda bamba procurou equilíbrio. Tinha um objetivo. Era preciso seguir em frente. Abria os braços, pendia pro lado da rua [do alto os carros pareciam formigas apressadas], concentrado, cauteloso, claudicante... "Quero pegar na tua mão!" "Me dá tua mão..." Repetia como numaladainha. Pensava que na sua infância não existia drama, tudo era perfeito. Pensou forte, bem forte num dos poucos momentos felizes de sua vida. Sentiu seu corpo pender no vazio,sentiu-se confortável [talvez no berço foi assim...], essa sensanção duraria alguns segundos,mas ele estava em paz, sim, agora ele estava em paz.


*Texto baseado no trecho de Sobre Todas as Coisas de: Chico Buarque e Edu Lobo.