Rapá, [e acho que outras tantas mil pessoas também...] sou muito contrariado com esse papo de morte. Mas sou muito mais com esse papo de doença. Isso sim, fico puto. Quer dizer que o cara morre no final e ainda corre o risco de ficar doente vivo? Já vi e ouvi histórias tristes de pessoas que literalmente apodreceram em vida. Isso é sacanagem.
As pessoas não deveriam ter doenças. Nem dores físicas. Nem psicológicas [as piores]. E por aí vai: espirituais, descomunais. Nada. Só vida boa até a morte. As pessoas deveriam viver com muita saúde até chegar esse dia. Acho justo morrer no final, se viver bem.Depois dar espaço no mundo pra outro chegar pra curtir essa vida maravilhosa. Numa boa.Pra beber quando quiser, pra fumar o cigarro que quiser. Pra transar sem camisinha [que maravilha!],pra beijar onde quiser. Pra comer todas as porcarias do fast-food [ido], pra optar não dormir de noite. Pra correr, pular, sair, sorrir sem sentir nenhuma dor. Nem culpa.
Sei de casos onde a pessoa nem chega a vida. E se nasce é sem cérebro. Com insuficiência respiratória. Cego, surdo e mudo. E se chega a nascer e tem a oportunidade de viver pode ser paralítico, tetraplégico, sem fígado, com coração fraco... [que fique claro aqui que acredito piamente que pessoas que infelizmente nasceram assim, possam viver plenamente a vida]. Mas é radical: sou contra viver doente.
Olha que maravilha: seria o fim dos médicos [ou o começo de uma nova carreira - de orientadores da vida plenamente saudável], que tal? Seria o fim da fila do INSS [pelo contrário dos que pensam que aumentaria], pois homens e mulheres saudáveis trabalham e vivem muito bem até a morte. Seria o fim das drogarias [q também matam muito hipocondríaco]. Aliás, assim como os orientadores, as drogarias poderiam vira espaços onde pudéssemos conhecer remédios que fossem somente para dar mais energia, e não tentar curar uma possível doença...fatal. Seria
o fim das epidemias. Do fumacê contra insetos. Seria o fim das filas da aposentadoria. [É aquele negócio da energia pro trabalho, lembra?]. Seria o fim de muita coisa que hoje só é necessária porque a doençavive em cada um de nós. É grave.
Não, nada disso. Só vida, linda, nem longa, nem curta. Pra se viver na plenitude total. Mas Deus 'têm' seus motivos. E eu sou apenas um homem doente.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
A engolidora de facas
"- Venha ver, venha ver...", berrava o gorducho barbado em cima de um caixote. A multidão se amontoava. Um anão passava a velha caixa de sapatos onde os curiosos, de vez em quando, depositavam suas moedas. As vozes se misturavam. Enquanto o gorducho se esgoelando apresentava o show: "A engolidora de facas, venha ver". Já tinha feito aquele número várias vezes. Era fácil. As pessoas gostavam. Mas naquele dia Maria queria ter nascido em outro planeta. Sua roupa cor-de-rosa estava velha e desbotada. A meia amarela rasgada. A sapatilha suja. Maria sonhava ser aeromoça e conhecer outros lugares. Mas era sempre a mesma coisa. Ela já conhecia o enredo de sua história. Olhou por entre uma fenda das cortinas vermelhas. A multidão estava pronta. Era preciso entrar. O espetáculo tinha que começar. Conferiu sua figura num espelho de pé, passou a mão nos cabelos, e olhou uma fotografia de Zacaria, um palhaço, o homem que tirou-a das ruas.Quando pisou no tablado, a multidão ovacionou. As madeiras rangiam, a impressão é que tudo aquilo desabaria a qualquer momento. Ela trazia as facas mágicas. O efeito era perfeito. As facas sumiam, garganta abaixo. Era nisso que a multidão deveria acreditar. As pessoas precisam acreditar nos truques. O apresentador cuspia palavras na cara de uns meninos que só conseguiram espaço embaixo do tablado. Maria engoliu a primeira faca. A multidão silenciou estarrecida. O anão corria atrás de uma moeda que caiu fora da caixa. Todas as facas eram falsas. As pessoas aplaudiam freneticamente, "Como ela faz isso?" e as donas "Pobrezinha, tão novinha". E Maria engolia uma maior. E os garotos viraram a cara com pavor. E o apresentador cuspia palavras. E o anão pegava a moeda. E Maria lembrava que de noite o gorducho barbado lhe visitaria. Como fazia há muitos anos. Desde que o palhaço morreu. A vida acabou quando o palhaço morreu. Mas Maria ainda insistia. Sim, o gorducho em cima do caixote, que cuspia palavras, entraria a noite e se lambuzaria. Ela sentiria asco. Uma dor que nenhum remédio aplacaria. Ela fingiria dormir. Como sempre. Aquele hálito azedo. O fuçar frenético. Até o fim. Até o fim. E depois... bem depois amanheceria. E Maria puxava a maior de todas as facas. Todas são falsas. É preciso acreditar no truque. A vida é truque que ninguém descobriu. Ela engoliu a faca, aos poucos, até onde pode. Sem dor. E o anão deixou a caixa de moedas cair no chão. E a multidão não acreditou no que via. E o apresentador engasgou-se. E os meninos embaixo do tablado ficaram com a cara toda vermelha.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Acorda, Caralho!
Aguce a mente. Veja além das coisas. Deixe de preguiça, vamos lá! Abrir os olhos não quer dizer que você vá enxergar. Abra o espírito. Desprenda-se dos preconceitos. Aposte no inevitável. A vida é bem mais do que isso que se apresenta. Entenda-se. Sócrates disse: "Conhece-te a ti mesmo". Conecte-se com o mundo. Saia do seu entorno. Do seu quintal. Pise no improvável. Voe por sobre o incontestável. Queira mais. Leia mais. Escreva mais. Você não pode ter vindo ao mundo somente pra acordar, cagar, comer e dormir. Eu não acredito nisso. Você também não pode acreditar. Faça-nos esse favor.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Você vai ficar ai chupando o dedo?
A vida é só uma. O mundo é grande. Você pode enxergar. Pode andar, correr. Você pode correr atrás de uma mulher bacana.Ou de um cara legal. Você pode sorrir. Você pode viajar. Dar mil voltas ao mundo. Você pode ir de avião, de moto, de bicicleta, a pé. Você pode comer pão com manteiga. Pode comer carne com abobrinha. Você pode dormir na sua cama ou na cama de uma familia de tailandeses. Você pode dizer sim, dizer não. Você pode desistir assim que cansar e pode retomar quando sentir que pode. Você pode amar sua mulher, seus filhos. Pode pode fazer fortuna ou pode viver com o básico. Você pode beber até cair ou nunca cair. Você pode ir ao cinema, ao teatro, passear de ônibus. Pode comprar um churrasco de gato com o último trocado. Você pode correr até cansar. Você pode ir ao jogo de futebol, ao parque de diversões, ao motel, ao carrossel, ao zoologico. Você pode ir até o Japão. Você pode fazer tanta coisa, meu irmão. Então, vai ficar ai chupando o dedo?
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