segunda-feira, 7 de abril de 2008

A Sorte

Eis que um dia a sorte bate à porta do Vanderlei. Ele, cientista e cético por consequência, jamais imaginara ter sobre o seu tapete de boas-vindas uma figura afortunada como aquela.

- Vanderlei, hoje é seu dia de sorte!
Silêncio. Vanderlei arrepende-se de ter aberto a porta sem antes consultar o olho mágico.
- Vamos economizar o seu tempo, e, o que é melhor, o meu tempo. Seja o que for não estou interessado. Passar bem.
A porta é fechada rapidamente, sem tempo para reações. A sorte, no entanto, insiste, o que é raro estes dias.
- Vanderlei, escute, hoje é seu dia de sorte!
Indivíduo importuno este, pensava Vanderlei.
- Olhe, vou repetir e é melhor que ouça desta vez: seja o que tem a oferecer, não estou interessado. E ponto!
- Vanderlei, perdoe a insistência, mas o seu nome está na lista. E se está na lista não tem engano. Hoje é o seu dia de sorte!
Raios o partam. A sorte começara a lhe importunar.
- Impossível. Hoje é terça. Sabe o que isso significa? Significa que testarei minha paciência, não somente com você, mas com três dúzias de alunos riquinhos, estúpidos, inconseqüentes e maconheiros na faculdade. Aqueles miseráveis não merecem um pingo da minha atenção. Agora você me diga onde está a sorte nisto?
- Vanderlei, acredite, é hoje.
Vanderlei suspira. Ironicamente hoje não é seu dia de sorte. Mas é hoje.
- Suponhamos que você esteja correto. Suponhamos, apenas. O fato é que nada de gratificante ocorreu enquanto você está na minha presença. E já passam das quatorze horas. Veja só, eu não tenho o dia inteiro. Por falar em dia, sabe que dia é hoje? 13. Dia 13 de agosto. Se você tivesse aparecido em qualquer outra data – com exceção das terças-feiras – eu acreditaria, mesmo que por um breve instante que você é quem realmente diz que é. Aliás, onde estava você sexta-feira passada? Eu não sou de ter muita “sorte” com as garotas, mas você bem que poderia ter me dado uma mãozinha com a Ivete! Porra! PQP! Puta Lei de Murphy! Não se pode contar com mais nada esses dias! Sinceramente!
A sorte, sem mais esperanças, decide jogar a toalha.
- Entendo. Bom, se é assim peço permissão para me retirar, com uma condição.
- Lá vem... e qual é a bendita condição?
- Bom, a sorte não pode simplesmente ficar de bobeira por aí, vagando sem rumo. Ela precisa de um destino, senão coisas estranhas acontecem – vide a final da Copa de 98. Preciso de um destino e só você pode dizer qual é.
- Pois se é assim, vá a merda!!!

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