quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Senha 23

Brasileiro é uma coisa, adora uma fila. Não só adora como faz o maior cu doce em público antes de entrar na fila e encoxar o sortudo(a) da frente. Êta povo fresco. Alguns protagonizam um draminha, outros exprimem todo seu prazer de forma mais reservada. O office boy malandrão, por exemplo, é do tipo "porra, olha o tamanho dessa merda!", antes de virar a cabeça a procura de bunda secáveis. A dondoca é daquelas que solta um tímido "meu Deus", suficiente pra chamar a atenção e começar a distribuir charme no recinto. Existe ainda o tipo trabalhador, que liga pro chefe só depois de 30 prazerosos minutos na espera, quando ainda está a 30 metros do balcão - seu discurso é sempre um "tá complicado, acho que vou me atrasar". Grávidas, idosos e portadores de deficiência - o politicamente correto necessidades especiais - geralmente esperam pouco tempo, por isso tentam aproveitar ao máximo a situação. Repare como sempre tem contas demais pra pagar, produtos demais no carrinho do mercado e por aí vai.

Penso, creio e bato o pé: somos todos masoquistas enfileirados, aguardando prazerosamente a oportunidade de ficar míseros 2 minutos no guichê. É foda, brasileiro aprendeu a sofrer, tomou tanto gosto pela coisa que hoje até pega senha. Vai entender.

2 comentários:

Renato Alt disse...

A fila é um patrimônio nacional, como o Carnaval, o pao de queijo ou a Bossa Nova.

Quero, no entanto, fazer um adendo ao seu texto: dentre aqueles com "necessidades especiais", os idosos constituem uma classe à parte. Repare que a fila que formam começa horas antes da abertura das agências bancárias. É a forma de compensar o pouco tempo que ficam lá dentro...

Abraços...

Rackel disse...

O renato tem razão quando fala dos idosos... minha avó é mestra em fazer isso (chegar no banco mais de 1 hr antes da abertura da agencia)!
rs

seu texto é mto interessante... mas vc podia ter lembrado do 'fura fila'... ele tb merecia algumas linhas! rs

bjs e bons ventos